sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O desafio da formação do técnico agrícola



A expectativa de conseguir emprego no mercado e realizar projetos e objetivos nos coloca na urgência de pensar na realidade atual e num perfil novo do profissional. Trabalhar na agricultura ou no universo de atividades agropecuárias, ou ainda, planejar o futuro, pensar no crescimento, na sustentabilidade, no que vem ser utopia ou sonhos, nos exige muito mais, principalmente num mundo em que tudo ocorre com a maior rapidez, com exigência de metas e com agilidade, e na lógica do imediato. Muitas vezes mostramos ser competentes, eficientes e compromissados. Mas também, muitas vezes negamos nossas origens e aptidões. Devemos ter cuidado de não perder nossa referência, para não ficarmos prisioneiros e reféns de receitas, do que vem ser mais fácil e aí, poderemos cair na banalização pela nossa ingenuidade. 

No ano de 2010, a profissão de técnico agrícola completou 100 anos de existência, sua primeira escola no Brasil, foi em 1910, na cidade de Viamão, Rio Grande do Sul. Atualmente existem escolas de formação de técnico agrícola, praticamente em todos os estados e em quase todos os municípios brasileiro. Porém, a discussão sobre a formação deste profissional, ainda continua muito incipiente, ou inexiste na maioria das escolas técnicas e na esfera do Ministério da Educação e Cultura. Ainda percebe e se ver Escolas e Institutos Técnicos com práticas arcaicas e sem nenhuma preocupação na melhoria da grade curricular e na formação de qualidade que exige o mercado atual. 

Pelo cadastramento de imóveis rurais feito pelo Incra ( Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma Agrária) em 1992/1993, o Brasil teria cerca de 5,2 milhões de imóveis rurais, com um número significativo de proprietários com mais de um imóvel e cerca de 3,5 milhões de pequenas propriedades com prática da agricultura familiar. Por falta de uma política agrícola adequada, sem acesso a crédito ou assistência adequado a seu tipo de atividade, pelo menos metade dessas propriedades se encontram hoje em estado de completa pobreza ou de abandonos pelas autoridades e ineficiências das políticas públicas.
Acredita-se que uma das medidas para mudar este quadro, seria melhorar o nível do agricultor, pela modernização da produção e pela inquestionável necessidade da propriedade ser reconhecida como uma empresa ou um empreendedorismo rural. 

Para melhorar o padrão da agricultura brasileira muitos profissionais são engajados em tal projeto. Segundo Coelho e Rech (1997) neste particular, o técnico agrícola tem desempenhado papel fundamental como vetor de novas tecnologias ao campo e da nova concepção de propriedade rural.

Mas qual profissional estamos formando...? Será que estamos conseguindo formar técnicos agrícolas capaz de elaborar projetos ecologicamente sustentáveis...  produzindo alimentos com a melhoria das condições ambientais, limpos de qualquer agrotóxicos, ecologicamente, economicamente, socialmente e com práticas de preços justos numa cadeia de comércio solidário, será possível ou isso continua sendo utopia?

A profissão do Profissional Técnico Agrícola, está regulamentada na Lei nº 4.024, de  20 de dezembro de 1961 e suas alterações posteriores na Lei nº 5.692/71 e Lei nº 9.394/96. Amparado em Leis e com formação recebida pelas escolas agrotécnicas, o técnico agrícola pode exercer funções ou empregos em atividades estatais, paraestatais, privadas; atuar na extensão de ATER, pesquisas, análises, experimentações, divulgações técnicas; ministrar diciplinas técnicas de sua especialidade; responsabilizar por elaborações de projetos técnicos até R$ 150.000,00 ( cento e cinquenta mil reais) por projetos, etc.

Segundo (Coelho, 1997, p.16), “a luta pela valorização do técnico agrícola de nível médio é exemplo claro da dedicação da categoria no questionamento das questões a ela relacionadas”.

Portanto, ainda devemos manter nossa utopia de pensar em formar profissionais e cidadãos cientes de suas responsabilidades sociais, econômicas, financeiras, na busca de um mundo ecologicamente correto, politicamente justo, solidário e democrático e socialmente humanitário e compromissado com a causa de todos. 

IVANILDO PEREIRA DANTAS – Escritor, poeta e Técnico Agrícola
Minha luta é símbolo da resistência de um povo pobre e oprimido, por isso, não desisto. Ivanildo

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