A expectativa de conseguir
emprego no mercado e realizar projetos e objetivos nos coloca na urgência de
pensar na realidade atual e num perfil novo do profissional. Trabalhar na
agricultura ou no universo de atividades agropecuárias, ou ainda, planejar o
futuro, pensar no crescimento, na sustentabilidade, no que vem ser utopia ou
sonhos, nos exige muito mais, principalmente num mundo em que tudo ocorre com a
maior rapidez, com exigência de metas e com agilidade, e na lógica do imediato.
Muitas vezes mostramos ser competentes, eficientes e compromissados. Mas
também, muitas vezes negamos nossas origens e aptidões. Devemos ter cuidado de
não perder nossa referência, para não ficarmos prisioneiros e reféns de
receitas, do que vem ser mais fácil e aí, poderemos cair na banalização pela
nossa ingenuidade.
No ano de 2010, a profissão de
técnico agrícola completou 100 anos de existência, sua primeira escola no
Brasil, foi em 1910, na cidade de Viamão, Rio Grande do Sul. Atualmente existem
escolas de formação de técnico agrícola, praticamente em todos os estados e em
quase todos os municípios brasileiro. Porém, a discussão sobre a formação deste
profissional, ainda continua muito incipiente, ou inexiste na maioria das
escolas técnicas e na esfera do Ministério da Educação e Cultura. Ainda percebe
e se ver Escolas e Institutos Técnicos com práticas arcaicas e sem nenhuma
preocupação na melhoria da grade curricular e na formação de qualidade que
exige o mercado atual.
Pelo cadastramento de imóveis
rurais feito pelo Incra ( Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma
Agrária) em 1992/1993, o Brasil teria cerca de 5,2 milhões de imóveis rurais,
com um número significativo de proprietários com mais de um imóvel e cerca de
3,5 milhões de pequenas propriedades com prática da agricultura familiar. Por
falta de uma política agrícola adequada, sem acesso a crédito ou assistência
adequado a seu tipo de atividade, pelo menos metade dessas propriedades se
encontram hoje em estado de completa pobreza ou de abandonos pelas autoridades
e ineficiências das políticas públicas.
Acredita-se que uma das medidas
para mudar este quadro, seria melhorar o nível do agricultor, pela modernização
da produção e pela inquestionável necessidade da propriedade ser reconhecida
como uma empresa ou um empreendedorismo rural.
Para melhorar o padrão da
agricultura brasileira muitos profissionais são engajados em tal projeto.
Segundo Coelho e Rech (1997) neste particular, o técnico agrícola tem
desempenhado papel fundamental como vetor de novas tecnologias ao campo e da
nova concepção de propriedade rural.
Mas qual profissional estamos
formando...? Será que estamos conseguindo formar técnicos agrícolas capaz de elaborar
projetos ecologicamente sustentáveis...
produzindo alimentos com a melhoria das condições ambientais, limpos de
qualquer agrotóxicos, ecologicamente, economicamente, socialmente e com
práticas de preços justos numa cadeia de comércio solidário, será possível ou
isso continua sendo utopia?
A profissão do Profissional
Técnico Agrícola, está regulamentada na Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 e suas alterações
posteriores na Lei nº 5.692/71 e Lei nº 9.394/96. Amparado em Leis e com
formação recebida pelas escolas agrotécnicas, o técnico agrícola pode exercer
funções ou empregos em atividades estatais, paraestatais, privadas; atuar na
extensão de ATER, pesquisas, análises, experimentações, divulgações técnicas;
ministrar diciplinas técnicas de sua especialidade; responsabilizar por
elaborações de projetos técnicos até R$ 150.000,00 ( cento e cinquenta mil
reais) por projetos, etc.
Segundo (Coelho, 1997, p.16), “a
luta pela valorização do técnico agrícola de nível médio é exemplo claro da
dedicação da categoria no questionamento das questões a ela relacionadas”.
Portanto, ainda devemos manter
nossa utopia de pensar em formar profissionais e cidadãos cientes de suas
responsabilidades sociais, econômicas, financeiras, na busca de um mundo
ecologicamente correto, politicamente justo, solidário e democrático e
socialmente humanitário e compromissado com a causa de todos.
IVANILDO PEREIRA DANTAS – Escritor, poeta e Técnico Agrícola
Minha luta é
símbolo da resistência de um povo pobre e oprimido, por isso, não desisto.
Ivanildo
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